sábado, 27 de dezembro de 2008

BH tem sobrecarga em galerias de drenagem pluvial

Foi o que constatou a prefeitura de Belo Horizonte quando criou, em 1997, uma portaria que estabelece padrões de revestimento para áreas permeáveis, dotadas de vegetação. A portaria veio normatizar a lei 7166, de 1996, sobre taxas de permeabilização mínimas para construções urbanas, e cadastrou os revestimentos.

Os Governos, desde sempre, entendem que a melhor solução para aplacar a fúria de enchentes que ano após ano provocam prejuízos materiais e mortes é apostar na canalização de cursos d´água, favorecendo a rápida evacuação hídrica. É um engano.

Em 2004, ocorreu em Belo Horizonte o congresso Desenvolvimento urbano sustentável e gestão ambiental. José Roberto Borges Champs, então coordenador do DRENURBS e participante da mesa Gestão das cidades e drenagem urbana: a questão da canalização de rios e córregos, afirmou que o Poder Público, até 2004, investiu cerca de um bilhão de dólares em canalizações e hoje ainda vivemos os riscos de enchentes

No mesmo congresso, de acordo com Sadalla Domingos, professor da USP, as calamidades públicas provocadas por enchentes tornam-se, muitas vezes, avenidas para a corrupção no Brasil. Para o professor, as inundações vêm, e em nome de uma grande urgência para se evitar danos maiores, empresas são contratadas para resolver problemas que não podem ser solucionados pelos métodos aplicados por elas. "Criamos uma indústria de obras caras, corretivas e sem projetos". O custo para a criação de pisos permeáveis, bem como a manutenção deles é baixo e mais eficiente. Além de ser simples.

Para os participantes do congresso, possibilitando de maneira efetiva e ampla a permeabilização so solo, ocorrerá prevenção das enchentes, redução das ilhas de calor, recarga dos aqüíferos subterrâneos, manutenção das vazões dos cursos d'água nas épocas de seca e economiza-se com obras de manutenção no sistema de condução e captação das águas pluviais, pois menos água escoará pelo sistema.

Outro fato preocupante, é que em 2001 a Prefeitura de Belo Horizonte constatou que todos os cursos d´água belo-horizontinos estavam contaminados por esgoto

Mas infelizmente, de 1997 para 2008, pouca coisa ou nada mudou.

Proprietários de edifícios ou de grandes empreendimentos quando recebem o "habite-se", ilegalmente pavimentam convencionalmente as áreas destinadas à permeabilização do solo; arrancaram várias árvores e gramas para viabilizar as obras viárias "Linha Verde" e "Antônio Carlos"...

E ano após ano discutiremos as enchentes e tudo mais. Afinal de contas, água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

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