terça-feira, 21 de julho de 2009

Arquitetura E/OU Urbanismo?

É muito interessante como uma Copa do Mundo deixa os nervos dos brasileiros à flor da pele e principalmente uma Copa em nosso país. Todos motivados, esperançosos e com um sentimento de que “agora vai”. Muitas enquetes, votações, todos querendo os jogos em suas cidades e eis que estas foram escolhidas, 12 no total.

Antes mesmo destas escolhas, as modernas arenas e estádios para a Copa por vir já estavam sendo expostos em sites, blogs e as pessoas comentavam e escolhiam os seus preferidos. Mas com isso vem uma grande preocupação: como e porque estes projetos já estavam apresentados e escolhidos antes mesmo da votação das cidades-sede? E também, por que foram estes os escolhidos, sem licitações, concursos?

No dia 20 de julho de 2009 foi postado no site PINIweb [1] uma "Carta aberta aos organizadores da Copa 2014" solicitando clareza e esclarecimentos quanto aos procedimentos de seleção e contratação dos projetos para os estádios da Copa. Acho louvável, e deveríamos, todos nós, assinar embaixo esta iniciativa. Por que um evento que tem abrangência nacional e afetará a todos nós privilegia somente alguns poucos profissionais da área? Acho que cabe esta pergunta. Porém, os profissionais de arquitetura E urbanismo se direcionam bastante pro lado da “arquitetura”, como se houvesse uma dissociação desta com o “urbanismo” e as questões relativas à Copa só são direcionadas aos projetos arquitetônicos das arenas e estádios.

Muitos alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo que estão agora se formando utilizaram o tema Copa do Mundo como base para os seus trabalhos finais de graduação. É um tema em evidência e bastante interessante de se abordar. Muitos deles querem projetar mega arenas esportivas, modernas e plasticamente inovadoras. Porém, estes estudantes que ainda estão em processo final de graduação se esquecem que, para se instalar um grande equipamento urbano, seja este qual for, estudos com relação aos diversos impactos gerados pelo mesmo devem ser levados em consideração, antes mesmo de sua concepção.

O projeto de um estádio, comparado com as complicações de sua implantação, podem ser considerados menos desafiadores. As cidades brasileiras não estão preparadas para receber um evento como este. E, infelizmente, muitos alunos, futuros arquitetos urbanistas, negligenciam este fato, também negligenciado por seus orientadores e, a meu ver, apresentam um trabalho falho de final de curso. Imagine então que este fato agora é real e está em processo em 12 de nossas cidades.

Todos nós sabemos da dificuldade de se assistir a um jogo de futebol quando vamos ao estádio. Acessibilidade, falta de transporte público ou a má qualidade dos mesmos, o impacto no trânsito que isto causa, não somente no entorno do mesmo, mas durante todo o trajeto de sua casa até o local. São diversas as preocupações urbanísticas que são desconsideradas ou deixadas de lado nas discussões que estão sendo feitas em relação à Copa de 2014 que me pergunto se conseguiremos atender a todas as reivindicações da FIFA e não somente isso, mas sim, se estamos melhorando QUALITATIVAMENTE todo o meio urbano, a partir destas premissas tão discutidas e exposta pelos próprio “Time de Arquitetos da Copa” [2] que "recomendam todo o empenho da sociedade e governantes para que os investimentos na Copa de 2014 sejam sustentáveis e tragam benefícios permanentes às cidades brasileiras".

Porém cabe uma outra e importante questão: vamos nós também, arquitetos E urbanistas, fiscalizar e estar atentos ao trabalho do Poder Público para atender, não somente as exigências da FIFA, mas sim da sociedade brasileira, que carece de tanto, as tão sonhadas melhorias, REAIS melhorias, na qualidade de vida em nossas cidades.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Cartas* para um melhor entendimento

Caro Wellington,

Meu nome é Delze, sou advogada, professora de Direito Agrário e mãe de quatro filhos. Também sou trabalhadora, comecei como bancária aos 19 anos. Hoje já estou quase nos 50, olho minha vida de luta, mas ainda vejo muito caminho para ser percorrido.

Li atentamente o e-mail que você encaminhou para o frei Gilvander e demais apoiadores do Dandara externando a sua preocupação como morador do bairro Céu Azul. Como sou uma das apoiadoras da Comunidade Dandara senti-me na obrigação de responder ao seu e-mail.

Em primeiro lugar agradeço e louvo a sua iniciativa em escrever. Acredito que o diálogo é o melhor caminho para resolvermos os problemas que nos incomodam. Também até mesmo porque não vamos compreender sozinhos toda a realidade que nos cerca e os meios de comunicação no Brasil (cite-se Rádio Itatiaia, TV Globo e outros só vão noticiar os fatos de acordo com a conveniência de seus patrocinadores, você não acha?). Se te incomoda a ocupação Dandara é porque você não se acomodou acreditando que não temos mais nada a fazer.

Por isso também estou roubando tempo em meio a um montão de obrigações diárias para, com muito carinho, responder o seu e-mail.

Você mesmo admite que o seu pai somente comprou e pagou o lote onde moram com muito sacrifício. Diante desta constatação, ao invés de você, com este aprendizado, questionar esta sociedade injusta que impõe tanto sacrifício às famílias para adquirirem um pedaço de chão para morar (direito assegurado na própria Constituição Federal), mesmo sabendo que existem hoje milhões de desempregados no mundo inteiro, você se insurge contra os pobres que se organizaram e descobriram (e revelam principalmente) que só não têm casa e emprego porque tem gente que tem propriedade demais e injusta.

Wellington, o Brasil é um pais rico, mas as pessoas são tratadas aqui igual ou pior do que os bichos. Sabe por quê? Porque o sistema de poder é muito injusto. O poder só age para beneficiar os amigos de quem está no poder. E é contra esse poder que faz da cidade um espaço para poucos e joga os demais na periferia de tudo (do transporte, da saúde, da moradia, da escola, da religião) é que lutamos. Lutamos não só pelos trabalhadores da Ocupação Dandara, lutamos também por você, pelo meio ambiente, pela justiça, pela política legítima.

Não se preocupe. Não estamos levando uma favela para o bairro Céu Azul. A comunidade que nasceu ali é de trabalhadores sim, mas tenho certeza de que serão melhores vizinhos do que se fossem os moradores do bairro Belvedere que tivessem mudado para perto de você. Sabe por quê? Primeiro, porque nas classes médias altas ninguém se conhece. Não existe solidariedade entre as pessoas. Todo mundo tem medo de tudo. Segundo, existem drogas e violência em qualquer lugar. Quantos assaltos ocorrem nesses condomínios de luxo?

Mas o que é melhor: a Comunidade Dandara foi planejada pelos arquitetos que são professores da PUC. Esses profissionais entendem que todos têm o direito de morar com dignidade. Assim fizeram um projeto muito bonito, apesar de simples, para a Ocupação Dandara. Hoje naquela comunidade diversos professores, advogados, pedreiros, religiosos, mães e pais de família arregaçaram as mangas e estão contribuindo na educação de crianças e adultos, porque acreditamos que somente teremos uma sociedade boa se incluirmos todos. Sabemos que nenhuma sociedade boa cai do céu, ela é fruta da ação coletiva de todos os que integram essa sociedade. Crianças, desempregos, idosos devem ser cuidados e não abandonados à própria sorte. Se o governo não faz, (dentro da normalidade como você disse) nós temos de forçar o governo a fazer.

Você quer um conselho? Marque conosco uma visita à Ocupação Dandara? Conheça as dificuldades para resgatar a vida depois de tanta injustiça. Conheça pessoas maravilhosas e inteligentes que vivem ali e cujos filhos às vezes são mesmo vítimas do tráfico, mulheres cujos maridos são vítimas do álcool. Mas eles mesmos não lucram com tudo isso. Tem alguém de fora que lucra.

Fique amigo dos moradores da Ocupação Dandara e passe a ver neles seres humanos, pessoas que merecem o nosso apoio e respeito. Veja neles brasileiros, não pessoas que ameaçam os vizinhos. Tenho certeza que assim você não terá medo e quanto você descobrir que conhece muitos, passará a chamá-los pelo nome e verá neles parceiros para expulsar dali aqueles que tentarem fazer dali um celeiro de tráfico ou de outros crimes. Você será o primeiro a ajudar para que isso não ocorra, porque você quer viver em uma sociedade onde haja paz, não apenas perto de você.

Temos de cuidar do nosso país não apenas no ambiente perto, mas em todos os lugares, porque não existem muros capazes de cercar a injustiça longe de nós.

E não se preocupe conosco. Não vamos nos trancar em nossos apartamentos na zona sul. Somos todos os apoiadores cidadãos no mundo, e é para esta tribo que estamos tentando trazer a Comunidade Dandara! Venha para esta tribo você também. Veja como a sua vida ganhará novo significado! Não temos medo de pobres e lutadores, temos medo é de uma sociedade cujas pessoas acham que já resolveram a sua vida com dificuldade e viram as costas para os outros.

Um grande abraço fraterno,

Delze.

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Meu nome é Wellington , sou morador do bairro Céu Azul há 30 anos, meu pai com muito sacrifício comprou e pagou o lote, construiu uma casa e criou sua família.

Seguindo seu exemplo, casei, morei com meus pais e depois de oito anos , eu e minha esposa adquirimos um lote e construímos nossa casa também no bairro Céu Azul.

Desde 09/04/2009, toda a população do bairro está apreensiva com a eminência da criação de mais uma favela. E para meu espanto com o apoio de setores da Igreja Católica e de sua Universidade.

Não discordo do direito das pessoas de terem um teto para morar, mas que as coisas sejam feitas dentro da normalidade e legalidade , não invadindo terrenos e colocando lá pessoas de bem e outros tantos marginais e pessoas que já possuem casa (até mesmo no Céu Azul).

Pelo encaminhamento deste processo, as famílias irão construir barracos naquele local, sem nenhuma infra-estrutura e será um "celeiro" para traficantes, ladrões e outras mazelas que nós brasileiros bem conhecemos.

Daí Frei Gilvander, o senhor e os outros "apoiadores" e "intelectuais" irão virar as costas para estas pessoas e passarão a acompanhar de seus apts na zona sul , essa tragédia humana chamada OCUPAÇÃO DANDARA.

Mas continuo com esperança que a luz da razão ilumine a liderança deste movimento, e procure uma solução mais sensata . (não crie mais um problema).

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Ajude as pessoas do Dandara. Saiba como clicando aqui.

*Textos originais reproduzidos na íntegra.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Seleção de estagiário para o Escritório de Integração - EI CAU PUCMinas.

Caros Alunos,

Comunicamos que as inscrições para seleção de 01 (um) estagiário para integrar a equipe do Escritório de Integração – EI do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUCMinas deverão ser feitas no EI, sala 108 do Prédio 47, com a Bruna, no período de 03 a 07 de agosto, no horário de 8:30 às 12:30h e 13:30 às 17:30h.

O processo de seleção será efetuado em 02 etapas, sendo:

1ª Etapa: análise do currículo e do histórico escolar;

2ª Etapa: entrevista escrita a realizar-se dia 13/08/2009 – quinta-feira – no horário de 9:00 às 12:00h, na sala 101 de nossa Escola.

Todo o processo de seleção contará com a participação dos professores integrantes do EI, bem como de representantes do colegiado e/ou do Núcleo de Extensão e Pesquisa de nosso Curso.

Buscando dar transparência ao processo seletivo, a avaliação das entrevistas será efetuada sem a identificação nominal dos candidatos e por mais de 01 professor. Para tanto, cada candidato receberá um número de identificação que deverá constar na entrevista escrita e um envelope que deverá ser entregue lacrado associando tal número ao nome do candidato (instruções detalhadas serão apresentadas no momento da entrevista).

O resultado final será obtido pela conjugação do resultado das 2 etapas.

O estagiário será selecionado para integrar os projetos em desenvolvimento pelo EI, especialmente a continuidade dos trabalhos para a instalação do nosso Canteiro Em Obras e da EFMO – Escola de Formação de Mão-de-Obra.

Para que os candidatos possam se inteirar dos trabalhos em curso, encaminhamos em anexo documentos relacionados aos trabalhos desenvolvidos pelo EI, ao Canteiro Em Obras e à Escola de Formação de Mão-de-Obra – EFMO. Recomendamos a leitura crítica dos documentos abaixo lincados como preparação para as entrevistas escritas e também visitas ao blog do EI: http://escritoriointegracao.blogspot.com

Aproveitamos para desejar-lhes boas férias e convidá-los para o Canteiro Em Obras III, para recepção aos calouros do curso, a realizar-se dia 22 de agosto de 2009 – sábado – a partir de 9:00h.

Atenciosamente,

Equipe do Escritório de Integração.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Ajude a Ocupação Dandara


Pessoal, a Ocupação Dandara vai à toda! Mas precisa MUITO de gente para ajudar nesta etapa de demarcação dos lotes.

Toda colaboração é benvinda: qualquer habilidade - desde segurar trena, bater piquete, ler projeto, operar teodolito e GPS, distribuir água....O momento é fundamental para que o plano de ocupação elaborado junto com os ocupantes (vejam a imagem acima) possa servir de orientação à apropriação coletiva de toda a área da forma mais consensual e pacífica possível.

Foram observados parâmetros ambientais para a ocupação, tais como áreas para recarga do lençol freático, proteção da cabeceira e margens do curso d´água presente na área e fazem parte da preocupação conjunta a destinação de esgoto e águas servidas, resíduos sólidos, reequilíbrio de águas pluviais, etc...

A partir da delimitação básica das quadras, estão sendo individualizados os lotes. Como vcs poderão observar no Plano, é MUITO TRABALHO, portanto BENVINDOS!

Um abraço,

Leta
Arquiteta Urbanista e professora da PUC Minas.

Mais informações pelo celular 31-8815-4120 (com Joviano).

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DESESPERO, UM MAU CONSELHEIRO

Há alguns meses, Belo Horizonte vem acompanhando o drama vivido por mais de mil famílias sem-casa e sem-terra das comunidades Dandara, do Céu Azul, e Camilo Torres, da Vila Santa Rita, no Barreiro.

A comunidade Dandara, embora amparada em decisão do Tribunal de Justiça que a mantém na posse de um latifúndio urbano pertencente à Construtora Modelo – cerca de 400 mil metros quadrados, ou seja, cerca de 40 hectares -, se vê permanentemente violada em seus direitos pela Polícia Militar e hostilizada nos meios de comunicação pelo prefeito Márcio Lacerda. O Município não somente trata cerca de três mil pobres como inimigos, como se nega a prestar-lhes assistência médica, educacional e assistencial, conforme os imperativos legais. A ilegalidade da Polícia Militar e do Município saltam aos olhos. Tudo para favorecer uma empresa que sequer paga impostos e que mantinha há mais de vinte anos uma imensa área em completo abandono. A Construtora Modelo deve mais de 2 milhões de reais de IPTU.

No Barreiro, a Comunidade Camilo Torres, com cerca de 140 famílias, vive o drama do iminente desalojamento. Para atender os interesses da empresa Victor Pneus – cuja área era pública e foi irregularmente cedida a particulares pela CODEMIG – o Tribunal de Justiça concedeu liminar de reintegração de posse em desfavor daquela comunidade.

O Município, embora se tenha postado do lado das empresas, em ambos os casos, pretende lavar as mãos ao singelo e cínico argumento de que se trata de conflito entre particulares. O prefeito chega a dizer que nos últimos dez anos não tem ocorrido ocupações de imóveis em Belo Horizonte. Que as duas comunidades são manipuladas por grupos radicais.

Duplamente equivocado o prefeito Márcio Lacerda. Em primeiro lugar, porque os registros de ocupações de imóveis abandonados, em Belo Horizonte, são inúmeros nos últimos anos. Em segundo lugar, porque ele pretende tratar reivindicações justas e legítimas como subversão da ordem. Tem sido mais cruel do que seus algozes militares, quando o prenderam nos tristes anos da ditadura militar. Talvez pelo convívio com os seus algozes, introjetou idéias e comportamentos que todos sempre condenamos.

Neste diapasão a violência se arma contra milhares de pobres desarmados e clamando por justiça. A elas a Prefeitura de Belo Horizonte, nas últimas décadas, tem negado políticas públicas de habitação. As estatísticas aí estão para dizer que as pessoas com renda de 0 a 3 salários mínimos em Belo Horizonte não têm vez nos planos de habitação popular. Os de renda maior é que são majoritariamente contemplados.

Monta-se o cerco para se perpetrar a violência. Os meios de comunicação são acionados para desenharem um perfil de marginais dos trabalhadores ameaçados. As autoridades públicas abastecem o noticiário com calúnias e difamações dos pobres. Defendem interesses escusos de poderosas empresas.

A Polícia Militar, na perseguição à comunidade Dandara, tem colocado os Tenentes-Coronéis Queiroz e Teatini como os comandantes dos desmandos. O primeiro, foi comandante do GATE e, como tal, esteve presente na chacina da ocupação Bandeirinhas, em Betim, que culminou com a morte de um sem-casa. O segundo, se torna célebre pela truculência com que comanda a tropa de choque na repressão aos movimentos sociais. Em passado recente, na cidade de Goiânia, no Goiás, milhares de famílias sem-casa foram despejadas de uma ocupação. O rastro de mortes e sangue marcou indelevelmente aquela cidade. Famílias em desespero reagiram à injustificada violência do Estado. Defendiam como podiam a VIDA. Os insensíveis administradores e magistrados defendiam outros interesses.

Oxalá as Comunidades Dandara e Camilo Torres não sejam levadas ao desespero. O desespero é mau conselheiro.

Belo Horizonte, 12/07/2009.

Fábio Alves dos Santos
Advogado e professor da PUC Minas

sexta-feira, 10 de julho de 2009

VILA VIVA OU VILA MORTA? UMA REFLEXÃO OBRIGATÓRIA (II)




No post intitulado "VILA VIVA OU VILA MORTA? UMA REFLEXÃO OBRIGATÓRIA", comentamos que o Programa Vila Viva da Prefeitura de Belo Horizonte é falho.

Para reforçar ainda mais nosso posicionamento, recentemente recebi um documento da Defensoria Pública de Minas Gerais que está assessorando juridicamente os moradores contra a intervenção Pública. Não consegui publicar na web as imagens. As imagens que ilustram esse post foram retiradas do referido documento.

Vale a pena ler o relatório, pois, dentre outras coisas, temos a visão dos moradores que são contra o programa pois, em resumo, suas decisões vem "de cima pra baixo".

Como discuti aqui, o Morro das Pedras é mais um exemplo de que os professores de arquitetura e urbanismo devem possuir formação e experiências diversas.

Afinal de contas, apropriando das palavras do Felipe Botelho, "não seríamos nós que deveriamos cuidar da saúde urbana?!?!?!"

Pois então! Cadê os arquitetos urbanistas?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Campanha Ficha Limpa contra a candidatura de políticos em débito com a Justiça


A Campanha Ficha Limpa foi lançada em abril de 2008 com o objetivo de melhorar o perfil dos candidatos e candidatas a cargos eletivos do país. Para isso, foi elaborado um Projeto de Lei de iniciativa popular sobre a vida pregressa dos candidatos que pretende tornar mais rígidos os critérios de inelegibilidades, ou seja, de quem não pode se candidatar.

Atuam nesta campanha cerca de 40 entidades de respeito e credibilidade, que constituem o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), entre as quais a Associação Brasileira das ONGs, Ordem dos Advogados do Brasil, Conselho Nacional das Igrejas Cristãs, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Instituto Ethos, o Ibase e centrais sindicais.

O Projeto de Lei de iniciativa popular precisa ser votado e aprovado no Congresso Nacional para se tornar lei e passar a valer em todas as eleições brasileiras. Para isso, é preciso que 1% do eleitorado brasileiro assine esse Projeto, o equivalente a um milhão e trezentas mil assinaturas.

Para participar da Campanha Ficha Limpa é preciso imprimir o formulário de assinatura.

Depois de assinar e registrar o número do título de eleitor no documento, basta enviá-lo para o endereço SAS, Quadra 5, Lote 2, Bloco N, 1º andar - Brasília (DF) - CEP. 70.438-900.

Acesse o formulário aqui.

O Projeto de Lei de iniciativa popular sobre a vida pregressa dos candidatos pretende:

* Aumentar as situações que impeçam o registro de uma candidatura, incluindo:
  1. Pessoas condenadas em primeira ou única instância ou com denúncia recebida por um tribunal – no caso de políticos com foro privilegiado – em virtude de crimes graves como: racismo, homicídio, estupro, tráfico de drogas e desvio de verbas públicas. Essas pessoas devem ser preventivamente afastadas das eleições ate que resolvam seus problemas com a Justiça Criminal;
  2. Parlamentares que renunciaram ao cargo para evitar abertura de processo por quebra de decoro ou por desrespeito à Constituição e fugir de possíveis punições;
  3. Pessoas condenadas em representações por compra de votos ou uso eleitoral da máquina administrativa.
* Estender o período que impede a candidatura, que passaria a ser de oito anos.

* Tornar mais rápidos os processos judiciais sobre abuso de poder nas eleições, fazendo com que as decisões sejam executadas imediatamente, mesmo que ainda caibam recursos.

Mais informações aqui.

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Presunção de inocência: não aplicação às normas sobre inelegibilidades

Discutiu-se intensamente ao longo das últimas eleições a possibilidade de vedar-se a
candidatura de pessoas que ostentem graves indicativos em sua vida pregressa, ainda que não consistentes em condenações criminais de que não caiba recurso. Agora, diversas iniciativas buscam promover a discussão, no Congresso Nacional, de projetos de lei que disciplinem a matéria.

A constitucionalidade de uma lei que considere outros fatores de notável gravidade é alicerçada pelo que expressamente estatui o § 9° do art. 14 da Constituição Federal. Diz o dispositivo que "Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada a vida pregressa do candidato(...)".

Como se vê, é a própria Constituição da República quem expressamente determina ao legislador que estipule quais elementos da vida pregressa dos candidatos podem afastá-los dos pleitos.

Infelizmente, passados quase quinze anos desde a edição do comando constitucional (o texto passou a ter a redação atual em 1994), o Congresso Nacional permaneceu omisso em seu dever de regular a matéria.

Diz-se que o princípio da presunção de inocência, também sediado na Constituição, estaria a impedir que condenações não transitadas em julgados viessem a infirmar a elegibilidade de alguém.

Essa alegação é destituída de fundamentação jurídica, pois se volta apenas a impedir a aplicação imediata das sanções de natureza penal. E inelegibilidade não é pena, mas medida preventiva.

A sociedade tem o direito de definir em norma o perfil esperado dos seus candidatos. Diz, por exemplo, que os cônjuges e parentes de mandatários em algumas circunstâncias não podem disputar eleição. Isso se dá não porque sejam culpados de algo, mas porque se quer impedir que se valham dessa condição para obter vantagens eleitorais ilícitas. Ninguém propôs quanto a isso que aí residisse qualquer afronta ao princípio da não-culpabilidade.

Afirmar-se que o princípio da presunção de inocência se estende a todo o ordenamento jurídico constitui evidente impropriedade. Estender-se-ia ao Direito do Trabalho, para impedir a demissão de um empregado ao qual se atribui crime de furto até que transite em julgado a sua condenação criminal? Serviria ele para impedir que uma creche recuse emprego a alguém que já condenado por crimes sexuais contra crianças?

Diante de tais razões, os juristas abaixo-assinados afirmam que o princípio da presunção de inocência não se aplica ao tema das inelegibilidades.

Aristides Junqueira
Augusto Aras
Celso Antônio Bandeira de Mello
Edson de Resende Castro
Fábio Konder Comparato
José Jairo Gomes
Hélio Bicudo
Mario Luiz Bonsaglia
Márlon Jacinto Reis
Ricardo Wagner de Souza Alcântara

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Desregulamentação das profissões um processo (ir)reversível?

Aproprio do título de um e-mail que Oliveira Jr enviou através da lista.

Gilberto Dimenstein afirma que "a partir de agora, para você ganhar um título de mestre não será mais necessário entregar aquelas gigantescas dissertações, repletas de citações, rodapés, tudo isso embrulhado na hermética linguagem universitária".

Geraldo Magela Teixeira afirma que "para trabalhar as notícias, precisamos de profissionais competentes."

Ambos os autores comentam sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal que desobrigou a exigência de diploma de curso superior para exercer o jornalismo.

Bom, penso que desregulamentar não é a solução, definitivamente. Regulamentar exacerbadamente, também não.

Senão, vejamos: "Por que um aluno de engenharia não poderia dar aula de física ou matemática numa escola pública? Bastaria que tivesse uma ajuda para saber transmitir seu conhecimento." No exemplo, o professor possui diploma universitário ou está em vias de. Não é um autoditada.

E é o que o professor Geraldo Magela Teixeira chama a atenção. De que talvez a pessoa não precise de um curso superior de jornalismo, mas de um curso de pós graduação ou de que ela tenha formação superior em ciências humanas ou sociais aplicadas para ser jornalista.

Recentemente, a Revista aU debateu o fim das faculdades de arquitetura e urbanismo.

Volto a baila. Creio que não é para tanto. Como a profissão requer e exige cada vez mais uma gama maior de conhecimento, realmente o que as faculdades devem fazer é o que o Gilberto sugere: incentivar que os professores atuem no mercado inclusive e buscar professores com outras experiências e de outras áreas. Assim, formarão profissionais mais dinâmicos, completos e aptos para atuarem no mundo que exige um profissional cada vez mais eficiente e eficaz.

Qual o profissional tem que saber/entender um pouco de tudo e dialogar com vários profissionais de diversas áreas? As universidades devem estar atentas a isso. E algumas estão.

Publicado originalmente na Crise [!].

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Lelé preside Instituto Brasileiro de Tecnologia do Habitat

O arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, é o presidente do recém-lançado Instituto Brasileiro de Tecnologia do Habitat (IBTH), com sede em Salvador. O instituto atua como uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) e pode trabalhar junto ao poder público. O primeiro projeto já está na prancheta: o Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região da Bahia. São 100 mil m2 de construção.

O Instituto deve atuar em várias áreas: pesquisa, projeto, fabricação e educação. "Queremos criar um centro de pesquisas, como é o CTRS (Centro de Tecnologia da Rede Sarah). Será uma fábrica, mas vamos atuar também no ensino. Já estudamos convênios com a UFBA (Universidade Federal da Bahia) e com a Escola da Cidade, em Salvador", explica Lelé. A ideia é trabalhar com as experiências anteriores, sempre voltadas ao interesse social, e com pesquisas já realizadas no CTRS, principalmente com pré-fabricados de argamassa armada.

Com o fim das obras dos hospitais da rede Sarah, o CTRS passou a trabalhar em escala reduzida, apenas para a manutenção dos hospitais. "Ainda estou envolvido com eles, e sou consultado quando há necessidade. Mas o trabalho foi muito reduzido para a escala do que o CTRS pode fabricar", conta.

Fonte: PINIWEB