sábado, 29 de novembro de 2008

O Escritório de Integração na Campanha SOS Santa Catarina II

Complementando o post anterior, estão disponíveis três contas correntes para auxílios de qualquer valor, em nome do Fundo Estadual da Defesa Civil (CNPJ 04.426.883/0001-57). São elas:

- Banco do Brasil - Agência 3582-3, Conta Corrente 80.000-7

- Besc - Agência 068-0, Conta Corrente 80.000-0

- Bradesco S/A - Agência 237, Conta Corrente 09484

- Caixa Econômica Federal - Agência 1877, Operação 006, Conta 80.000-8

- Itaú - Agência 0289, Conta 69971-2

- Banco/Sicoob SC - Agência 1005, Conta 2008-7

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O Escritório de Integração na Campanha SOS Santa Catarina


Prezados Colegas, alunos e leitores desse Blog,
o Escritório de Integração do DAU/PUCMinas irá disponibilizar seus espaços ao longo desta e da próxima semana para recolher donativos que serão enviados para Santa Catarina.
Bruna, nossa secretária, nós informou que o marido dela, originário de Santa Catarina irá enviar um caminhão com ajudas para as populações atingidas por esta catastrofe.
Fazemos apelo a todos vocês para que possamos ajudar nossos irmãos nesse momento de sofrimento.
Bruna se encarregará de recolher os donativos que serão entregues no Escritório de Integração no prédio 47 do Campus Coração Eucarístico da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Marção por favor veicula esta noticia no seu Blog.
Abraços.
Alfio e Leta

CAMPANHA: SOS Santa Catarina!
Em face da calamidade publica instalada no Estado de Santa Catarina, vimos por meu deste pedir uma possível ajuda dos senhores no sentido de tentar aliviar o sofrimento de nossos irmãos que estão sendo vítimas das chuvas e inundações que ocorrem em grande parte do Estado. Tenho certeza de que os que estão no meio do “furacão” já estão de mangas arregaçadas e de um jeito ou de outro estão fazendo sua parte.

Meu esposo é catarinense da Cidade de Blumenau e venho através deste pedir a ajuda de todos para contribuição de,
Quem quiser doar favor me procurar no Escritório de Integração, pois terá um caminhão da empresa que meu marido trabalha aqui em Belo Horizonte na próxima semana.

A defesa civil, http://www.defesacivil.sc.gov.br/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1, sugere produtos como roupas,cobertores, colchões como prioridade, mas é claro que numa situação destas tudo é muito importante. As pessoas que preferirem doar dinheiro, já têm a disposição contas especificas no Banco do Brasil/Besc.

Por fim agradecer a todos pela atenção e pela colaboração oferecida.

O Telefone do EI é 33.19.41.54 e funciona de segunda a sexta de 08:30 as 12:30 e de 13:e30 a 17:30, para entregas fora deste horério podem mandar e-mail para integra@pucminas.br

Acompanhe o blog do Escritório de Integração


Em apenas um clique você pode acompanhar o blog. É simples. Basta ir ao fim da página e seguir as instruções.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A Vila Novo Ouro Preto recebeu os projetos das turmas de Planejamento Habitacional


Amigos, hoje, como já foi anunciado neste Blog, as turmas da Disciplina de Planejamento Habitacional da Profa. Leta e do Prof. Alfio foram até a Vila Novo Ouro Preto onde encontraram as lideranças e parte da população. Foram expostas e apresentadas, aos moradores, as propostas que os grupos elaboraram ao longo do semestre (melhorias habitacionais e ambientais da vila, assim como propostas de reassentamento das famílias retiradas da área onde foi implantado o Parque Linear ao longo do Córrego da Cidadania).
Os alunos, em uma atividade que pareceu muito com uma feira com "stands", e que ocupou a tarde inteira, apresentaram as propostas aos moradores interessado, que por serem os verdadeiros clientes puderam avaliá-las, esclarecendo dúvidas e fazendo críticas.
Contamos com o apoio da líder da associação de moradores da Vila Novo Ouro Preto - AMACIDADANIA, Edina Teixeira Barbosa que sempre se prodigou em firmar a parceria entre a associação e a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais através do Escritório de Integração do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e, principalmente, através das Disciplina de Planejamento Habitacional e Política Habitacional. Esta parceria existe desde ano de 2002.
Fomos homenageados também, com a presença do Senhor Antônio, antigo morador da vila e primoroso mestre de obra, mestre e amigo de longa data da Profa. Leta.
As propostas, como é de tradição, foram entregues aos moradores para que possam se tornar instrumentos de mobilização e reivindicação por parte da comunidade junto às instâncias publicas e privadas.
O resultado positivo do evento nos leva a pensar que pode ser reproposto no próximo semestre.
Para os nosso alunos desejamos um merecido descanso nas férias de final de ano.
P.S. Agradeço quem sinalizar eventuais, e muito prováveis, erros de português.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Favelas S/A

A reportagem abaixo mostra que os desafios para trabalhar em uma favela são mais complexos que imaginamos. Velhos paradigmas precisam acabar.

Para não estender demais esse post, em breve posso retomar essa discussão.
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"Sem direitos econômicos, favelas movimentam bilhões

Pelo menos um em cada quatro moradores do Rio vive num capitalismo sem leis, selvagem, à margem do Estado. Esse mercado paralelo, que ferve em favelas da cidade, gerou negócios que aumentaram tanto sua cotação nos últimos anos que, numa bolsa de valores imaginária, suas ações disputariam hoje os gritos mais ensurdecedores de um pregão. Longe das leis vigentes no asfalto, pulsa um mercado rico, dinâmico e, em alguns aspectos, caótico, que fatura mais de R$ 3 bilhões por ano. O Globo seguiu o rastro do dinheiro para tentar mensurar essa economia emergente, apesar dos poucos dados disponíveis, e publica uma série de reportagens que vai revelar quem lucra com esses negócios.

Brigando por um naco dessa fortuna pouco conhecida, estão atividades formais, informais e ilegais, num ambiente heterogêneo que agrega de biroscas a bancos, das "firmas" do tráfico a milícias. Os moradores formam uma massa de potenciais consumidores estimada entre 1,3 milhão e dois milhões de pessoas, com renda anual que pode chegar a algo entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões. Números que, a despeito de divergências estatísticas, fazem tinir cifrões nos olhos de qualquer empresário. Seja no varejo ou no atacado, no oficial ou no paralelo, a holding Favela S/A enriquece poucos, explora milhares e dá calote no Estado.

A desigualdade social e a falta de projetos de habitação popular já não são suficientes para explicá-las. Hoje, as favelas concentram de um quarto a um terço da população da capital e, contrariando suposições que acabaram virando verdades, elas não são mais reduto de miseráveis. A radiografia mostra que, ao contrário do Estado, que ainda não se fez presente de forma efetiva, o mercado se apropriou da dinâmica das favelas e as transformou numa potente máquina de gerar riquezas. Um fenômeno que deixou para trás alguns conceitos antigos e uma imagem romântica das favelas.

A massa de salário das pessoas foi obtida atualizando os dados do Censo do IBGE que apontavam uma renda familiar de R$ 634,50 nessas áreas, segundo dados do Instituto Pereira Passos, da prefeitura. O faturamento do comércio foi calculado a partir de estimativas de empresários de vários setores e agentes públicos, além de um censo realizado em 2000 em 44 favelas do Favela-Bairro, que apontava uma média de 91 empresas por favela, com receita média anual em torno de R$ 15 mil. São R$ 3 bilhões, sem contar os bilionários e ainda desconhecidos lucros do tráfico."

Fonte: O Globo On Line - 28/08/2008

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

As turmas da disciplina de Planejamento Habitacional e de Política Habitacional vão para a Vila Novo Ouro Preto


A disciplina de Planejamento Habitacional em parceria com a disciplina de Política Habitacional, retomou, este semestre, após um intervalo de mais de um anos, o tema projetual da intervenção em vilas e favelas continuando a parceria com a Vila Novo Ouro Preto localizada na Regional Pampulha, na cabeceira do Córrego Cidadania.
Diferentemente do passado onde eram convidados lideranças e membros da comunidade na banca de avaliação final, para arguir a respeito das propostas elaboradas pelos alunos, as propostas projetuais serão apresentadas na Vila na próxima quarta-feira dia 28 de novembro a partir de 14:00 horas.
As turmas da prof.a Leta e do prof. Alfio, do nono periodo de Arquitetura e Urbanismo da PUCMinas irão se deslocar de ônibus até a Vila onde serão expostos os projetos nos ambientes da igreja católica local. Dessa maneira toda a população da vila poderá ter acesso ás propostas. Para viabilizar esta proposta cada grupo irá preparar uma apresentação que será exposta na Vila sendo compreensiva e instigadora para os clientes contendo banners com desenhos, perspectivas, textos explicativos, maquetes etc. Os alunos irão utilizar todos os recursos disponíveis para explicitar a proposta de cada grupo, mesmo sem um apresentador "ao vivo".
A lider local Edina convidará as pessoas que puderem estar presentes e para estas cada grupo apresentará, na medida da curiosidade e dúvidas delas. Estas pessoas irão se tornar agentes locais, monitores da exposição nos finais de semana, quando outros poderão participar.
Os trabalhos, assim como é de praxe nestas oportunidades serão doados à comunidade, podendo-se tornar mais um instrumento de conscientização e mobilitação da comunidade na busca de um habitat mais digno e humano.
Quem estiver interessado a participar deste evento entre em contato com Bruna do Escritório de Integração do DAU/PUCMinas, 33194154, ou mande um e-mail para integra@pucminas.br

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Pensar Arquitetura!

Lendo uma entrevista na Revista AU do arquiteto Patrik Schumacher, sócio de Zaha Hadid, que esteve a pouco no Brasil, fiquei a pensar sobre algumas questões. Segundo o arquiteto, “o Brasil é um país isolado (...) em relação à arquitetura mundial.” Schumacher proclama o fim das arquiteturas nacionais e do modernismo. "Mais do que nunca, vivemos em uma sociedade mundial. As culturas das arquiteturas nacionais desapareceram, ou, se ainda existem, estão com os dias contados", diz.

Segundo a entrevista, intitulada “As arquiteturas nacionais estão com os dias contados?” me intriga, pois vejo ser um pensamento muito primário do que é arquitetura. Em um trecho da entrevista, o arquiteto diz que “As arquiteturas nacionais são coisa do passado. Há 30 anos, você ainda iria a cidades que tinham heróis locais que faziam os edifícios públicos, que era professor e um representante da profissão. Hoje isso não é mais aplicável: arquitetos vão a várias partes do mundo e participam de concursos, e levam seu trabalho. Na Europa, todo concurso público tem de ser aberto a pelo menos todos os países europeus.”

Penso que a Arquitetura é influenciada, ou deveria ser sim, pelas regionalidades. Cada cidade, região, estado, país, tem uma história, uma cultura, uma maneira de viver e vivenciar o espaço completamente distintas. Não digo aqui que não devemos globalizar a arquitetura, mas acho que cada um tem uma contribuição a ser dada e, através desta regionalização, há a diversidade e aí sim uma globalização. Não penso que a arquitetura é efêmera, igual, homogênea.

Em outra entrevista à AU, o arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, comenta algo que penso ser mais coerente. Arquiteto reconhecido pelo aproveitamento de sistemas naturais antes mesmo da "onda" da sustentabilidade afirma que, mais do que necessidade de preservação de recursos, essas questões eram encaradas como uma forma de humanização dos projetos. Segundo Lelé, "não existe trabalho de arquitetura sem considerar as questões ambientais". Comungo com as convicções deste arquiteto, que há muitos anos vem demonstrando que a arquitetura está além da estética, da forma e da função. Ela deve estar relacionada com diversos fatores, entre eles o ambiental, a fim de se integrar ao meio.

Em um trecho da entrevista, Lelé relata que “a idéia de priorizar sistemas naturais começou com meu trabalho no ambiente hospitalar. Você precisa humanizar esses locais. Por exemplo, a luz artificial é um problema. Há 30 anos, não se pensava em sustentabilidade e não havia problema de fornecimento energético. Era uma questão de humanização do projeto. Já a climatização por meio de ventos foi uma forma de controlar a infecção hospitalar.”

Quando perguntado como encara a “onda” da sustentabilidade, ele responde que “Eu continuo trabalhando da mesma forma que sempre trabalhei. Já trabalhava as questões ambientais, de humanizar. Quando me formei em arquitetura, dava-se muita importância ao sol, à ventilação natural. Acho que depois da guerra houve um funcionalismo que perdeu essas características. Hoje, essas questões estão voltando e as pessoas pensam que estou nisso.”

O link que faço entre estas duas entrevistas distintas, se dá pelo comentário feito por Lelé em outro trecho da entrevista. Quando é perguntado sobre Dubai, um dos maiores exemplos que podemos expor quanto à globalização da arquitetura exposta por Patrick Schumacher, ele diz que “Dubai executa diversas proezas pelos altos investimentos que são realizados na cidade. Há bons projetos e bons arquitetos no local. Há diversas proezas arquitetônicas, mas isso também não significa que seja uma boa arquitetura. Não há problema na proeza, mas sim em como é feita. Por exemplo, a Ópera de Sidney se transformou em um ícone internacional que representa a Austrália. O mesmo ocorre na ponte Golden Gate, na baía de São Francisco (EUA).”

Venho discutindo estas questões a algum tempo com amigos, arquitetos ou não, como Dubai hoje é um “samba do crioulo doido”, e que, hora alguma, percebemos uma preocupação com as questões ambientais. Ao vermos as ilhas Palm Trees sendo construídas, foi pensando na alteração do ciclo de marés? A densidade absurda e as imensas construções foi pensada de acordo com a estrutura geológica local e a condição dos ventos? Como manter uma cidade deste porte, no meio do deserto? A energia e os recursos naturais para que isso funcione e se mantenha?


Dubai 1991

Dubai 2005

Fonte: http://blog.uncovering.org/archives/2006/01/dubai.html

Minha crítica a esta chamada “arquitetura globalizada” se dá pela pouca atenção que se dá em relação às questões ambientais e a perda de identidade local. Como Lelé mesmo colocou, os monumentos arquitetônicos são muitas vezes, ícones nacionais e esta “regionalização”, pensados e planejados de acordo com o local onde está se implantando uma obra é de extrema importância.

Acho sim que arquitetos estrangeiros façam e desenvolvam seus trabalhos em qualquer lugar do mundo, mas se não houver uma preocupação com as questões ambientais, geológicas, climáticas, temos apenas proezas de engenharia e não ícones de uma boa arquitetura.

http://www.piniweb.com.br/construcao/arquitetura/joao-filgueiras-lima-o-lele-afirma-que-nao-ha-arquitetura-113640-1.asp?from=Correio+Pini

http://www.piniweb.com.br/construcao/arquitetura/forum-as-arquiteturas-nacionais-estao-com-os-dias-contados-115874-1.asp?from=Correio+Pini

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Universalizar o mutirão é universalizar o desemprego

"'Universalizar o mutirão é universalizar o desemprego. Como política pública, o mutirão é uma solução como pintar de verde e amarelo as favelas do Brasil'. Com estas frases, o sociólogo Francisco Oiveira (USP) sintetizou seu discurso diante de uma platéia estarrecida no seminário "Políticas habitacionais, produção de moradia por mutirão e processos autogestionários: balanço crítico de experiências em São Paulo, Belo Horizonte e Fortaleza", nesta segunda-feira, na Cidade Universitária.

Segundo Oliveira, o sistema de mutirão supõe que os participantes estejam desocupados. Assim, sua adoção como política pública teria um impacto no desemprego e tenderia a eternizar a má distribuição de renda no país. Mesmo após a intervenção de vários arquitetos que trabalham com mutirões há anos, o sociólogo manteve suas afirmações e as apoiou em dados de pesquisas de grupos da própria universidade.

"A industrialização do Brasil se fez sustentada na auto-construção, por um lado, e no investimento estatal, por outro", raciocinou. "Com isso, o custo da habitação quase desaparece. Com o salário mínimo sendo calculado em valor de subsistência da família típica, esse investimento não contava. Aí há uma transferência de renda por meio do rebaixamento do salário. Então esses modelos de financiamento da habitação agravaram a situação do trabalho". O sociólogo ligou a questão da habitação intimamente ao problema do trabalho: "Nas classes populares não existe mercado imobiliário. O imóvel não é mercadoria, só tem valor de uso. Por outro lado, as famílias abaixo da linha da pobreza, na maior parte desempregada, é que gastam seu tempo no mutirão. Para funcionar como política pública, a auto-construção exige que todos estejam desempregados". Oliveira criticou ainda o tipo de relações sociais criadas pelo mutirão.

Ele afirma que nos mutirões das políticas públicas, ao contrário dos mutirões tradicionais, é preciso que haja coerção para a criação de uma comunidade artificial. "Não há identidade entre estas pessoas, porque a precariedade da situação delas não plasma nenhuma experiência coletiva. Uma liderança de Santa Maria Gorete, em Fortaleza, me disse que é preciso coagir para haver unidade e funcionalidade. Isso não é formação de cidadania, está no pólo oposto", disparou.

Na análise de Oliveira, quando termina a construção do mutirão, a carência cessa e a coesão artificial desaparece, mas o desemprego e a baixa renda continuam, deixando espaço para a violência. A solução, para o sociólogo, consiste em endereçar a construção da habitação por seu caráter de mercadoria. "Uma solução seria o empréstimo - todo crédito é um adiantamento sobre renda futura. Só o empréstimo a custo zero distribuiria a renda no Brasil. Eu aconselharia pegar os recursos do Fome Zero e subsidiar a Caixa Econômica para que ela desse empréstimos a juro zero", provocou."

Fonte: http://www.reportersocial.com.br/

terça-feira, 11 de novembro de 2008

9ª Conferência das Cidades

Parece falta de assunto, mas não é. É um assunto importante porque está ligado a um projeto que o Escritório de Integração participou e poderá (e deve) participar de outros do gênero. E além disso foi um tema bastante divulgado na "Crise [!]", como vocês verão.

Por isso tudo é que repeti na íntegra o post publicado na "Revista Crise [!]" aos leitores do Integração.

Está um pouco em cima da hora, mas vale a pena divulgar o evento. Quem estiver na área, é uma pedida.

"Em sua 9ª edição, a Conferência das Cidades de 2008 - evento promovido anualmente pela Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara - terá como tema a "Sustentabilidade nas Cidades Brasileiras", e será realizada nos dias 11 e 12 de novembro no auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, em Brasília. Especialistas estrangeiros e brasileiros vão debater e refletir sobre políticas e estratégias que podem ser adotadas para garantir a sustentabilidade das cidades brasileiras, baseadas em experiências bem sucedidas no País e no exterior.

O evento é dirigido a parlamentares, governadores, prefeitos, gestores, técnicos, arquitetos, urbanistas, acadêmicos e representantes do poder público e da sociedade civil organizada.

A íntegra da programação e as inscrições estão disponíveis no endereço eletrônico da Câmara: http://www.camara.gov.br/ "

Fonte: CDU
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No evento, Belo Horizonte será agraciada com o prêmio Selo Cidade Cidadã com projeto de recuperação e regeneração de áreas degradadas. Procurei mas não encontrei o projeto vencedor. Se foi a "Linha Verde" que ganhou o prêmio, acho que pularei de um dos inúmeros viadutos que construíram ou afogarei no Rio Arrudas coberto pelo "Bulevar" Arrudas. Obras da Prefeitura e do Governo do Estado. Para não dizerem que sou de esquerda ou de direita, respectivamente os chefes do executivo municipal e estadual são do PT e PSDB.

E o mais engraçado é que Belo Horizonte podia ter feito algo pioneiro através de um programa financiado pelo Ministério das Cidades, que tinha o mesmo objetivo de recuperar e regenerar áreas degradadas, conforme post http://revistacrise.blogspot.com/2006/10/viadutos-urbanos-que-ser-que-se.html, mas só fez mancada em todos os aspectos: arquitetônico, urbanístico, econômico, social e jurídico. Vale a pena ler o post.

Aliás, há vários posts sobre viadutos nos links: http://revistacrise.blogspot.com/2006/10/na-contramo.html, http://revistacrise.blogspot.com/2006/10/planejamento-urbano.html, http://revistacrise.blogspot.com/2008/10/recuperao-de-crregos-canalizados.html.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ensino de Arquitetura e Urbanismo


O saudoso arquiteto Joaquim Guedes concedeu uma entrevista ao site ArcoWeb. Compartilho um trecho com vocês e o comento.

Nesse trecho, ele afirma que o aluno dedica apenas um pouco mais de 8% do tempo ao projeto. Para Guedes, isso é insuficiente.

É óbvio que o entrevistado não deseja o fim do estudo das teorias. Apenas ressalta a importância em se aplicar esse estudo, juntamente com a análise de outras obras, á prática projetual.

Na esteira dessa observação, a PUC alterou o currículo dela onde o aluno desde o início do curso começa a projetar ou a ter uma noção do que vem a ser o projeto.

Integrando todas as disciplinas do período, os alunos ficam mais seguros e livres para projetar algo para um lugar ou alguém. Dessa forma, o aluno fixa todos os conceitos de desenho técnico e gráfico, além de teoria. Ou seja, a participação dos alunos em atelier ou estúdios é mais intensa. E os alunos podem contar com todos os professores das disciplinas do período para debater e discutir o projeto. É o que pretende-se: aliar o ensino de teorias com a prática projetual desde o primeiro período ou desde cedo. É uma sensação muito boa, no primeiro período, você conseguir projetar algo e bem fundamentado, dentro daquilo que foi ensinado.

Além disso tudo, reforçando a tese do professor e arquiteto Guedes, o Escritório de Integração poderá contribuir e muito no ensino teórico-projetual dos alunos, desde que haja possibilidades de firmar convênios e parcerias com empresas, ONGs, Poder Público e afins para a consecução de projetos que estejam dentro da proposta do Escritório. E o Escritório poderá contribuir e muito no ensino de tecnologias, tema pouco estudado nas escolas, segundo Guedes.

Desde que conheci o DAU e o EI da PUC percebo um certo pensamento institucional. Todos procuram deixar os motivos pessoais de lado para investirem no bem do ensino. E isso é bom e fundamental. Caso contrário, a Escola estará fadada ao fracasso. Assim como o ensino. Mesmo a PUC. Essa visão é de um aluno, claro. Mas pode ser verdadeira.

Enfim, a implantação do currículo está no início e toda mudança é cara e dolorida. Em que pese as falhas, penso que as qualidades desse currículo contribuirão muito para um ensino de qualidade. Principalmente porque os professores demonstram estarem atentos à mudança.

Segue o trecho da entrevista:

"Depois de 42 anos dedicados ao ensino, como o senhor vê o ensino, hoje, no Brasil e comparado ao cenário internacional?

Ao que parece, há uma grande insatisfação mundial, porque se sente muita dificuldade de diálogo entre os vários departamentos das escolas. No caso brasileiro, a competição entre professores é muito grande em algumas escolas, e ninguém admite crítica, que é fundamental para o processo criativo. Outro problema de nossas escolas é o pouco tempo destinado ao estudo de projeto. O professor Gustavo Neves da Rocha, do Departamento de História da FAU/USP, fez um trabalho muito interessante, em que constatou que apenas 8,3% do tempo do aluno é consagrado ao projeto. Isso é trágico porque, apesar de todos as cadeiras tratarem de arquitetura, ensinar projeto é bem mais do que falar de arquitetura. É mais do que uma análise comparada da arquitetura de todos os tempos. História e tecnologia são importantes, mas o tempo que se dedica a isso numa escola de arquitetura e a qualidade do ensino desses cursos têm que ser repensados. São cadeiras importantes, mas tomam muito tempo do ensino do projeto.

O ensino de história é notável; o de tecnologia nem sempre, porque não se ensina tecnologia e construção de verdade nas escolas de arquitetura. Trata-se apenas de um verniz de tecnologia; a verdadeira tecnologia fica para as escolas de engenharia e os institutos. Se, por um lado, é difícil a crítica do trabalho de um colega, por outro, também não é comum ouvir elogios ao projeto dos outros... É. E sabe por quê?

É que ninguém é perfeito. Se você vai elogiar uma coisa, tem que, em contraposição, criticar outra. Por exemplo, eu gosto demais do trabalho do [Marcos] Acayaba. Mas acho que ele se perde em formalismos estruturais que, na minha opinião, são um desvio, por mais brilhante que resulte a forma. Acho difícil só elogiar o trabalho de um arquiteto, o correto é analisar criticamente o que ele faz, destacando os pontos que se consideram positivos e mostrando aqueles com os quais não se concorda. Considero Acayaba um arquiteto de grande capacidade e ele provavelmente não está interessado em saber minha opinião. Falar bem é também falar criticamente, é preciso ir sempre a fundo nas coisas."

E por falar em rios, córregos e eleições

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

ENADE

"Mais de meio milhão de universitários vão fazer, neste domingo (9/11/2008), as provas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Em todo o país, foram selecionados pelo governo federal 564.690 alunos, entre ingressantes e concluintes. Os exames são obrigatórios para o aluno escolhido e quem não comparecer não poderá colar grau. Os testes serão feitos em 2.274 locais em todo o país, às 13, e os estudantes deverão responder 30 questões de formação específica e 10 de formação geral. Em Minas, foram sorteados 55.385 estudantes, dos quais 13.010 só em Belo Horizonte.

Nesta edição, o Ministério da Educação (MEC) vai avaliar os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Biologia, Ciências Sociais, Computação, Engenharia, Filosofia, Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Pedagogia e Química. Também será verificado o desempenho dos cursos superiores de tecnologia em: Construção de Edifícios, Alimentos, Automação Industrial, Gestão da Produção Industrial, Manutenção Industrial, Processos Químicos, Fabricação Mecânica, Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Redes de Computadores e Saneamento Ambiental.

Os resultados da edição passada do Enade puseram Minas Gerais no topo da excelência do ensino superior. Os dados, relativos às provas feitas em 2007, foram divulgados no último mês de agosto." Fonte: www.uai.com.br - acessado em 6/11/2008

É importante, também, que o aluno preencha com atenção o "Cartão de Informação do Estudante" enviado pelos Correios aos alunos. Isto porque as possíveis falhas serão analisadas e corrigidas. Ou seja, o preenchimento correto do Cartão contribuirá para a melhora da qualidade do ensino.

E façamos as provas com calma e responsabilidade. Os resultados também são um norteador para o ensino. Sem falar que o resultado final do ENADE poderá refletir no mercado de trabalho. Qualquer dúvida, procure a secretaria do curso.

Boa prova para todos nós.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O rio São João e a cidade de Itaúna

Lembrando dos nossos rios e de sua importância para nossas cidades, posto esta carta escrita alguns meses atrás para o Blog do colega Sergio Machado.

Prezado Sergio,
obrigado pela possibilidade que você me oferece de falar de Itaúna. Agradeço também pelo elogio de me considerar um estudioso de Itaúna. Sempre me considerei e continuo me considerar nada mais que um atento observador. Confesso que gostaria de poder dedicar mais tempo ao estudo dessa cidade porque, além da empatia natural que se cria facilmente entre quem, como nós, tem uma formação onde o ambiente urbano não passa despercebido, acho Itaúna uma cidade importante.
Importante por um conjunto de razões entre as quais colocaria em primeiro lugar a possibilidade de compreensão do papel das cidades médias em um contexto regional perimetropolitano, já que são estes organismos urbanos que conservam ainda aqueles aspectos que são típicos da vida urbana e que são cada vez mais raros nas grandes cidades e nas metrópoles. Estes aspectos aos quais me refiro concorrem para definir a qualidade de vida de uma cidade e são, entre outros, a disponibilidade de trabalho, o fácil acesso aos bens de uso público de qualidade por parte de todos os cidadãos, a possibilidade de deslocamentos a pé ou a utilização de meios de transporte coletivos eficientes, a ausência de congestionamento, a ausência de poluição, a falta ou quase da chamada violência urbana que na metrópole alcança níveis cada vez mais insustentáveis.

A descentralização metropolitana com a descentralização de atividades e de população que saem do centro metropolitano em busca da qualidade urbana é um fenômeno que interessa Itaúna e que vai interessá-la cada vez mais colocando para a administração local escolhas que definirão o futuro da cidade a médio e longo prazo.

O fenômeno da descentralização metropolitana parece não ser contemplado na proposta do novo plano diretor que tem no âmbito da inserção regional da cidade no sistema urbano regional um ponto de fraqueza. Como e de que maneira Itaúna for crescer e como o crescimento vai ser conduzido é um aspecto estratégico ainda a ser resolvido que não se pode exaurir na proposta de adensamento da zona urbana existente sob pena de ter como conseqüência processos de derramamento do urbano (informal e de baixa qualidade como novos loteamentos ilegais) por além dos limites impostos pelo plano diretor. A proposta de adensamento da zona urbana assim como a proposta de áreas de expansão (praticamente inexistentes no plano diretor em fase de aprovação) deve ser sustentada por um projeto de melhoria e complementação das infra-estruturas existentes e em primeiro lugar da infra-estrutura viária já que a infra-estrutura viária, como todo mundo sabe, serve de suporte para a maioria das outras (drenagem, esgotos, água, eletricidade etc.).

Observando rapidamente as soluções utilizadas e implementadas em anos recentes no centro urbano de Itaúna (Avenida São João, Avenida Jove Soares) percebe-se como a abordagem utilizada na implantação da infra-estrutura viária local, que resultou determinante na solução projetual, foi influenciada por uma ideologia sanitarista míope que, aplicando uma solução de engenharia (consolidação das margens com a criação de uma avenida sanitária e dimensionamento da calha fluvial) desconsiderou um conjunto de dimensões sistêmicas ambientais (bacia hidrográfica, alteração do regime hídrico dos aqüíferos em relação ao processo de ocupação e permeabilização do solo etc.) que vão bem além da solução (pontual) em si.

As soluções mostram a incompreensão das características e das dinâmicas ambientais locais e, ao mesmo tempo, a incompreensão das características e das dinâmicas urbanas desta porção de espaço que por muito tempo ficou tão perto geograficamente e tão longe dos interesses do capital empresarial.
Se não me falha a memória a canalização do rio são João com a retificação do seu curso remonta aos anos 70, a consolidação de suas margens é mais recente, data dos anos 90, assim como provavelmente a implantação da Avenida São João. Isso significa que por quase 30 anos esta área acabou sendo esquecida. As razões deste esquecimento podem ser compreendidas, não podem, porém ser justificadas as maneiras adotadas para sua integração, que de fato ainda está longe de acontecer, tanto em termos de utilização, já que neste espaço encontra-se além do grande equipamento da Universidade de Itaúna (o centro esportivo), um conjunto de atividades industrias de pequeno porte, um comercio em alguns casos varejista, permanecendo em geral ainda uma baixa densidade em razão da dimensão dos lotes e do processo de ocupação que ainda está em curso.

Em termos de articulação, é patente a sua fragilidade, com articulações mais consolidadas ao longo da rua Silva Jardim a oeste, muito em razão da direção de mão da Avenida São João na margem direta do rio. A articulação norte-sul existe somente nas suas extremidades com a única exceção da passarela de pedestres localizada praticamente em frente a entrada do centro esportivo. Estas articulações norte-sul representam um problema histórico na articulação da área central com o mais importante eixo viário, a rodovia MG-050, afinal com Divinópolis a Oeste e Belo Horizonte ao Leste.

O processo histórico de ocupação da área fez com que a população ocupasse no século XVII, as encostas do Morro do Rosário para se proteger e serem protegidos, ao mesmo tempo, pelas enchentes e pela presença do Rio São João e, ademais poder controlar o entroncamento viário que permitia alcançar ao norte Pitangui, ao Oeste a Passagem de Itapecerica (atual Divinópolis), ao sul São Paulo e ao leste Ouro Preto (antes da construção da nova capital). Esta vantagem estratégica dentro das exigências do século XVII tornou-se um obstáculo no século XX e ainda hoje permanece como tal. O único acesso direto da rodovia MG-050 para o centro é a rua Silva Jardim, antes o acesso era pela rua da Ponte continuação da Rua Santana, ou vice-versa (a ponte estreita ainda existe), cuja congestão é conhecida por todos nós, com o problema maior concentrado no entroncamento entre Silva Jardim, Dona Cota, Miguel Augusto e a própria estrada de ferro.

A solução da continuação da Jove Soares e sua conjunção com a Silva Jardim é uma solução esperada a muito tempo, bem vinda em termos de concepção (transposição transversal, minimizando os impactos no curso d´água) mas que ainda não está funcionando e, do meu ponto de vista, não vai ser a solução que vai resolver todos os problemas que afetam esta região porque vai simplesmente transpô-los para o entroncamento com a Silva Jardim que vai continuar congestionada (basta pensar ao tanto de entroncamentos que existirão em menos de 500 metros de comprimento: Jove Soares, Avenida São João, Dona Cota etc.).

A meu ver precisa-se de mais opções de ligações com a MG-050, o que é dificultado por causa de adensamento da ocupação no Bairro Universitário e a cota do greide da MG-050. Sugiro pensar a utilização da rua da Ponte (com o alargamento da ponte existentes) e uma terceira opção ladeando o centro esportivo evitando a tentação da continuação da Avenida São João em direção oestes. No que diz respeito ao Rio São João o comprometimento de suas margens consolidadas e ocupadas pela homônima avenida sanitária fica registrado na esperança que seja vingada a idéia das zonas de proteção ambiental da sua várzea e dos seus afluentes que reduziriam o risco de seu transbordamento, cada vez mais provável dentro de um processo de impermeabilização da sua bacia e dos seus contribuintes (algumas pessoas me informaram que em época de chuvas a cheia do Rio São João chega a beirar o vigamento da ponte), e na esperança que se possa um dia pensar, assim como acontece em outros âmbitos nacionais e internacionais, na re-naturalização do rio São João neste trecho. Sonhar uma cidade melhor não custa, mas também somente sonhar não basta.

Para quem leu até agora, obrigado pela paciência. Pelos alunos do Estudo de Arquitetura e Urbanismo III da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Itaúna desejo um bom trabalho.

Alfio Conti

Arquiteto e Urbanista

Professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Itaúna