sexta-feira, 1 de maio de 2009

População de favelas cresce 2 vezes mais em São Paulo

Como resolver a dicotomia meio ambiente x moradia? Como resolver a questão habitacional? Com um muro?

Vale a pena ler as reportagens abaixo e tirar suas próprias conclusões. O tema é mais complexo que se pensa.

O Estado de São Paulo: São Paulo tem cada vez mais pessoas morando em barracos. O aumento da população das favelas paulistanas foi duas vezes superior ao crescimento da cidade em geral no último ano. Enquanto a população total da capital aumentou 2%, a das favelas cresceu 4%, de acordo com a Secretaria Municipal de Habitação. “Na última década, esse aumento variou de três a quatro vezes”, diz Maria Lúcia Refinitti Martins, coordenadora do Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

Além do inchaço populacional, essas moradias se expandem pela cidade num ritmo que nem mesmo a Prefeitura consegue registrar. Quem passa pela região do Viaduto Paraíso, na zona sul da capital, nem imagina que um portão de madeira grafitado, fechado com cadeado, esconde uma favela. Rodeado pelo muro de um edifício comercial e pela Avenida 23 de Maio, o conjunto de moradias precárias funciona como um condomínio fechado: só os moradores têm acesso. Conhecida como Favelinha do Paraíso, ela é um exemplo típico de como essas moradias crescem silenciosamente.

Na Vila Mariana, por exemplo, subdistrito da zona sul que abriga dez favelas, apenas cinco estão no cadastro oficial, uma lista de 1.602 núcleos. Os primeiros barracos da favela da Rua Coronel Luís Alves, na Vila Mariana, foram erguidos em 1945, quando o bairro tinha apenas algumas casas de classe média e muito mato. Famílias ocuparam uma área mista, de lotes públicos e privados. Hoje, há 90 casas de alvenaria, protegidas por muro e portão. A favela cresceu organizada, com ruas pavimentadas, casas de alvenaria pintadas e algum comércio. O conglomerado virou uma bolha no bairro de classe média e está na lista das que serão urbanizadas.

Na Folha há um bate papo com o jornalista Ítalo Nogueira. Ele conversou com internautas sobre a construção de muros para conter o crescimento das favelas do Rio de Janeiro.

Depois de ler muita opinião na blogosfera - todas pertinentes, interessantes e vale a pena ler - o Ítalo resumiu bem a discussão nos blogues. Navegue aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, dentre outros.

Segundo ele, o muro é "uma forma um pouco autoritária para tentar limitar o avanço das favelas. Acho que o Estado pode passar um atestado de que não consegue monitorar e fiscalizar o uso dessas áreas. (...) Mas é uma espécie de medida-limite. Após o muro, se ele não funcionar, o que será feito?"

E afirma que "são R$ 40 milhões previstos (para construir os muros). É um investimento que deveria ter sido discutido, ao menos, com as comunidades "beneficiadas". Segundo os presidentes das associações de moradores, isso não foi feito."

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